Novo espaço para se pensar e discutir a dinâmica do mercado e das marcas de luxo, dos produtos e serviços com alto valor agregado e para todos aqueles que se interessam pelos temas do consumo e novas tendências, moda e estilo, design, branding e marketing. O crescimento e a valorização do luxo é uma questão central do consumo contemporâneo e faltam especialistas e espaços para discutir este tema com seriedade.

Saturday, August 12, 2006


Fetichismo do Luxo
Adoro umas metáforas sobre as mercadorias criadas pelo filosofo alemão de origem judia, Walter Benjamim. Ele dizia que as mercadorias eram como narcóticos que levavam o indivíduo a suspensão da realidade. Uma espécie de droga alucinógena que suspendia do real e nos transportava para um mundo de fantasia.
As vitrines, lojas de departamento, os fashion malls (ou os shoppings se já existissem) na época eram o "labirinto dos sonhos".
Em outra metáfora, lembrando o velho Marx, Benjamim dizia que a as mercadorias tinham a mais simpática e sedutora das almas, e lançavam olhares lascivos e apaixonados para os compradores, como numa relação de paquera e sedução.
Mas eram como altares e as mercadorias mais nobres e de luxo só podiam ser veneradas e comtempladas. Os sinais informavam que era permitido admirar e se seduzir, mas não se podia imacular ou retirar a aura e a distância que estes objetos mantinham com o espectador. Só o compra garantiria a posse e o uso, a intimidade privada com o objeto e a exclusividade de suas propriedades únicas e de seu prestígio. "Look, but dont touch!" alertava a sinalização. Bem diferente dos produtos populares das feiras públicas e do cotidiano do consumo do povo. O luxo é sagrado, e deve ser protegido nas alturas do altar e deve ser reverenciado como obra de arte.
Mas há um jogo de sedução entre cliente e mercadoria. Um jogo de espelhos e projeções do desejo. Ela promete cumprir necessidades e fantasias eu me inebrio e acredito nas suas forças metafísicas. Assim é nas telas e na publicidade. Um faz de conta admirável que me faz sonhar e dormir. Tal como as crianças com amãe á beira da cama lhes contando histórias fantásticas.
E quantas vezes não brincamos dizendo que as mercadorias nos seduzem, nos chamam a atenção, que nos conquistam? quem já não olhou pra um display ou uma vitrine e não se deparou com alguma coisa que adorou e parecia ouvir uma voz interior na consciência dizer
“Vá, entre logo, me leve pra você!”.
Parece uma relação intima e secreta que se estabelece entre produto e consumidor. As promessas de prazer e felicidade estão em todo lugar: no design e nas formas, na embalagem, na etiqueta da marca, no decor e layout da loja, no status e na moda. Como não se deixar levar...como ficar imune? quase impossível!
As mercadorias seriam como as prostitutas, que se enfeitavam, se produziam e ficavam nos locais mais apropriados, na passagem de seus clientes lhe oferecendo prazer e satisfação imediata em troca de parte de seu dinheiro. As mercadorias seriam assim, a própria encarnação do desejo sexual, uma energia tão forte como a libido impulsiona os clientes a entrar nos shoppings e pagar caro pelos seus obscuros objetos de prazer e status. A mercadoria tem mil faces e ardis...e muito difícil não sermos capturados pelo sedutor canto das sereias.
Na verdade somos uma sociedade cuja grande religião é o consumismo e nossso grandes templos são os shopping centers e os altares as vitrines, onde veneramos e adoramos nossos deuses; as mercadorias e marcas.

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