Novo espaço para se pensar e discutir a dinâmica do mercado e das marcas de luxo, dos produtos e serviços com alto valor agregado e para todos aqueles que se interessam pelos temas do consumo e novas tendências, moda e estilo, design, branding e marketing. O crescimento e a valorização do luxo é uma questão central do consumo contemporâneo e faltam especialistas e espaços para discutir este tema com seriedade.

Tuesday, September 12, 2006


O Luxo High Tech e o Luxo Fast Food

A tecnologia de ponta, as inovações e o design introduzem um repertório iemnso de novas tendências, estilos e produtos. Novas funções, novos materiais, formas e texturas. Tudo novo. Mas os novos lançamentos, as novidades tecnológicas e o design diferenciado são luxo?Alguns anos atrás, o celular era um símbolo de status: eram caros e uma novidade para poucos. Hoje tocam democraticamente seja nos vagões de trens urbanos, seja dentro dos confortáveis Maybach e restaurantes exclusivos. Entram nos lares e substituem o bom, velho e econômico telefone fixo. Luxo de class ou luxo de mass? Luxo de class para as masses? Luxo fast food ?
A inovação tecnológica é meteórica. Cruza fronteiras na velocidade da luz e rapidamente invade a vida pública e, principalmente, a esfera privada e doméstica das pessoas: novos serviços, produtos e lazeres, novas emoções, distinções e experiências de acesso.
Do ‘antigo’ celular as arrojadas câmeras digitais, dos lap-tops ao design assinado, das TVs de plasmas aos home-theaters, dos perfumes ‘importados’ e bolsas de grife às marcas de prestígio. Preços mais baixos, produção e distribuição 'massiva', mudança de atitudes e valores e, principalmente, estratégias sedutoras de marketing e atraentes planos de pagamento: “12x sem juros no cartão”.
Democratiza-se o acesso ao turismo, à gastronomia, aos serviços e produtos estéticos e ao ‘personal care’, mas acima de tudo, à tecnologia de ultima geração que quando é lançada e, rapidamente, se transforma em commodity. Enquanto isso, os centros tecnológicos de inovação e de P&D, já estão debruçados sobre o ‘futuro próximo’ de novos modelos e designs. Enquanto corremos atrás das lâminas Mach3 turbo, a Gilette já está concentrada no desenvolvimento de um futuro Mach4 megaturbo. E assim caminha a humanidade...
O luxo tecnológico se tornou um luxo de acesso. O status ou mesmo a gratificação e o prazer de poder estar dentro do petit comité de privilegiados, os very few que podem de imediato adquirir e ostentar estes bens ou usufruir destes serviços detêm está indulgência e ‘exclusividade’. Logo adiante, as camadas médias e até frações das classes populares podem ter seu MP3 ou sua TV de tela plana, ou mesmo uma cópia mais barata ou falsa (e ‘idêntica’) da edição limitada do produto de prestígio. Hoje o luxo fashion e o luxo high tech são duas categorias muito semelhantes: seu status está no acesso imediato e exclusivo aos lançamentos e a posse e exposição destes bens.
" Eu tenho, mas por enquanto ou ainda, você não tem! "
Estrategicamente, vende-se para os happy few, para depois lançar em série e em condições acessíveis para um maior número. Novamente entra em jogo a política de lançamentos e os ciclos de vida curtos e programados das linhas e coleções, dos produtos de “estação” e moda, de consumo rápido e descartável. O luxo fast food alimenta as aspirações de diferenciação e originalidade, mas é muito diferente do alto luxo tradicional. Hoje, o que acontece é que esta profusão, democratização e, em ampla medida, banalização do luxo, relativiza, confunde e embaralha ainda mais os conceitos e representações que todos nós, leigos ou especialistas, temos sobre o tema e o termo.

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